O trajecto de um jovem para quem a vida só faz sentido quando vivida com música. É provável que muita gente, como eu, se identifique, pelo menos em parte, com esta criacção de Hesse. Até uma certa idade não pensou sequer em tocar um qualquer instrumento ou em fazer da música o seu projecto de vida, Kuhn tinha apenas uma certeza: a música era parte indespensável da sua vida. Um aparatoso acidente, que o deixa debilitado para o resto da vida, marca o início de um caminho de sofrimento mas, ao mesmo tempo, projecta na personagem a capacidade de diálogo interior, sempre angustiante, que lhe permite criar com brilhantismo diversas composições clássicas. Só na criação encontra a alegria, o extâse e quando conhece Gertrud, a personagem que dá nome à obra, esse acto criativo torna-se ainda mais apaixonante. De tal modo que a ideia de não ter as duas paixões plenamente suas o levam a pensar no suicídio. A beleza da escrita do Nobel da Literatura em 1946 é aterradora, a obra é incontornável.
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