quarta-feira, 23 de março de 2005

Afinal, qual é a cor da porra do colete?

Depois da corrida aos bilhetes para os U2, da euforia em torno da liderança do Benfica e dos rumores sobre a orientação sexual do primeiro-ministro, eis a loucura do momento: a corrida ao colete reflector!
Com o novo Código da Estrada passa a ser obrigatório transportar um colete reflector no carro, e os portugueses, como se não houvesse amanhã, andam doidos na caça ao colete. O problema é que os outros portugueses, aqueles a que chamam de responsáveis políticos e seus associados, fazem questão de cumprir a velha máxima tuga do "deixa para a última" e ainda não informaram a população, ansiosa por vestir o tão desejado acessório, de qual a cor que este deve ter.
Compreende-se a demora. Perante tamanho entusiasmo em torno deste objecto de alta costura, os governantes não querem desiludir os portugueses com um coletezito de cor brega.
A julgar pelo vocabulário socialista do momento, se calhar querem-nos impressionar com um colete rosa choque. Depois do tecnológico, chega o choque dos coletes!

quarta-feira, 16 de março de 2005

Vão ser seis semanas de duras críticas à forma como os EUA têm conduzido a sua "luta contra o terrorismo". Em Genebra, 3000 representantes governamentais, ONG's e outras organizações, de um total de 53 países, estão reunidos na Comissão da ONU para os Direitos Humanos. Em cima da mesa as questões de sempre, a começar pelo questionamento da credibilidade e aceitação internacional da própria comissão. Citadas pelo jornal Público, a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional "estimam que metade dos membros desacreditam a instituição".
Não importa se são os EUA os maiores violadores dos direitos do homem ou não (a intervenção dos russos na Tchetchénia não será certamente desvalorizada), a questão é mais a de já se saber de antemão qual a reacção americana, independentemente das resoluções de condenação votadas. À semelhança de outras decisões adoptadas pela comunidade internacional e ignoradas pela administração americana, também desta vez a resposta será certamente arrogante, egoísta e irresponsável. Os jogos de cinismo já começaram, com os homens do presidente a apontarem defeitos à constituição da comissão, da qual China e Cuba fazem parte. Activistas, que a força esteja convosco!

segunda-feira, 14 de março de 2005

"Foi só ao cabo de muitos e duros anos de matrimónio que, outrora, Erika se apresentou neste mundo. O pai logo à filha passou o testemunho e saiu de cena. Erika entrou em cena, o pai saiu. A necessidade tornou Erika na mulher rápida que é hoje."
JELINEK, Elfriede, A Pianista, Porto, Edições ASA, 2004

Não foi preciso passar da primeira página para perceber que esta tradução não soa muito bem. Ao avançar na leitura é impossivel afastar a sensação de que o esforço do tradutor em passar a ideia da autora esbarra nas limitações da lingua portuguesa, pelo menos da dele. Já vi que não é fácil traduzir do alemão, quem diria!

quinta-feira, 3 de março de 2005

E agora?

É fácil adivinhar o entusiasmo de um estudante de jornalismo, que em toda a sua vida nunca imaginou percorrer outro caminho senão aquele que o poderia levar a uma redacção, perante a possibilidade de estagiar numa rádio como a Antena 1. O estágio até poderia ter sido num qualquer outro órgão de comunicação, felizmente foi na RDP.

As expectativas eram muitas, o objectivo era só um: aprender. Aproveitar o contacto com grandes profissionais da rádio e a vivência numa redacção de referência para absorver tudo o quanto fosse possível sobre o que é fazer jornalismo radiofónico. Queria acabar o período de estágio sabendo que havia melhorado a escrita e leitura para rádio, sabendo-me mais capaz de identificar o pequeno detalhe que faz a notícia, mais familiarizado com as técnicas de reportagem, enfim… mais perto do que é ser jornalista. Três meses é um espaço temporal demasiado curto para que tudo fosse conseguido com satisfação mas, no fim, confirmei que de facto uma licenciatura em jornalismo só faz sentido se do plano curricular fizer parte um estágio num órgão de comunicação social.