segunda-feira, 30 de maio de 2005

Antony and The Johnsons - CASA DA MÚSICA 29/05/2005

Tivesse começado como acabou e os menos atentos saberiam o que os esperava: Antony é um músico de canções tristes. Ao regressar para o segundo encore lamenta não ter um tema alegre para oferecer ao público que enchia a Sala 1 da Casa da Música. O músico das "sad songs" ia terminar com River of Sorrow. E como a tristeza consegue ser bela, como consegue provocar um sorriso constante!

No seu jeito tímido mas absolutamente demolidor, Antony deu um concerto notável. Mais de uma hora e meia de espectáculo para passar pelos dois albúms e pelos temas do EP The Lake e I Fell in Love With a Dead Boy.

A noite foi de um brilhantismo minimalista e, sem bateria ou instrumentos de sopro, o som do piano, do baixo, da viola, dos dois violinos e do contrabaixo foi sublime a encher a sala de um ambiente genuinamente comovedor. Os dedilhados na viola substituiram muitas vezes os arranjos e as orquestrações mais complexas dos temas de Antony de forma simples mas extremamente eficaz.

"I always suck as a crowd pleasure", disse Antony. Não podia estar mais errado. Mostrou-se hábil no diálogo e interaccção com o público, disse-se deslumbrado pela cidade, elogiou a sala e pôs toda a gente a bater palmas e a cantar. Num exercício que poderia muito bem ser um teste à acústica fantástica do espaço, pediu um murmúrio que se soltou e nos fez sentir dentro de um instrumento musical, a voz de Antony deslizava sobreposta.

Hoje é na Casa das Artes, em Famalicão, e amanhã na Aula Magna, em Lisboa.

sexta-feira, 27 de maio de 2005

O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR - Dziga Vertov


O que se passa de tão extraordinário num dia em Odessa, no longínquo ano de 1929, para tornar este filme uma obra singular e indispensável? Por si só, a proposta já é tentadora: uma viagem aos dias da Rússia pós – revolucionária, mas o segredo está na forma como tudo foi filmado e, principalmente, na forma como essas imagens foram encaixadas.

É na mesa de montagem que o filme atinge o seu esplendor. É desse trabalho que resulta um exercício estético exemplar que mudou a forma de ver e fazer cinema. Os diferentes ritmos de alteração e sucessão das imagens, as associações e contrastes de luz e forma e o desfilar dos gestos quotidianos suscitam emoções diversas e contribuem, no seu todo, para um retrato da modernidade soviética da altura. E Vertov não esconde nada, não mascara as desigualdades nem disfarça as intenções propagandísticas.

Se Nanuk, o esquimó (1922), de Robert Flaherty, é considerado o filme inaugurador do género documental, O Homem da câmara de filmar de Vertov é o introdutor da tradição documental sem qualquer interferência exterior na actuação das personagem ou na criação de uma narrativa.

O próprio conceito de documentário torna-se elemento integrante da película, pois Vertov mostra a produção do próprio filme. É sensacional assistir à execução dos travelings, filmados de pé no banco de trás de um automóvel da época, com a câmara sobre um tripé e sempre a rodar a manivela.

A música do filme de Vertov foi composta e interpretada pela Alloy Orchestra (1995), segundo as indicações deixadas pelo próprio realizador soviético. Uma excelente forma de entrar no mundo do cinema – verdade.

quarta-feira, 18 de maio de 2005

Ambulance Ltd - LP

Foi num dos talk shows americanos que passam na SIC Radical que ouvi pela primeira vez os Ambulance LTD. Se a memória não me falha, o tema que os nova iorquinos tocavam era Primitive (the way i treat you), o primeiro single do álbum estreia LP (2004). O pop inspirado da canção abriu-me o apetite para o resto do disco e, depois de uma primeira audição, descobri que, embora revelem pouca imaginação na escolha de um nome para o álbum, o quarteto liderado por Marcus Congleton sabe muito bem como construir uma sonoridade própria a partir de uma série vasta de influências e estilos.

Para abrir o disco escolheram o instrumental Yoga Means Union, um contagiante desfilar de guitarras ecléticas em crescendo até atingir a coesão rítmica com o baixo e bateria. Apesar de muita da força do grupo residir na voz de Marcus, a escolha foi acertada. Depois de abertas as hostilidades segue-se um conjunto de boas canções pop rock. Em Anedocte, um dos temas mais expressivos de todo o disco, os Ambulance LTD ganham voz e vida própria e mostram como se pode beber influências de várias décadas do rock e ainda assim ser criativo e autêntico. A suavidade de Ophelia é viciante, a guitarra é perfeita e a voz é de uma sinceridade irrecusável. Mas que não sirvam estas escolhas para desvalorizar as restantes faixas do disco, qualquer uma delas tem a força de um single.

Quem gosta de referências pode saber que andam por lá os My Bloody Valentine, os Franz Ferdinand, os The Thrills e até os The Velvet Underground. O disco termina mesmo com uma versão de Ocean dos Velvet, talvez o pior momento de todo o álbum.



Ambulance LTD - Anedocte

sexta-feira, 13 de maio de 2005

The Arcade Fire - FUNERAL


Os The Arcade Fire estão por todo o lado. Por cá já eram tudo ainda antes de serem qualquer coisa. Fenómeno impulsionado pela Internet e palavra espalhada por todos, os que iam ouvindo ou os que simplesmente liam sobre eles, os Arcade Fire cedo se revelaram como a incontornável next big thing.

O guião é o mesmo de muitas outras histórias que culminaram em estreias decepcionantes, com a diferença que, desta vez, o reboliço faz mesmo sentido. Por trás de toda a agitação um motivo de peso: Funeral, o longa duração da banda. Um daqueles álbuns puros e simples, que ainda consegue ser novo e refrescante, num contexto de produção musical frenética que se sente em todo o lado. Como disse, e muito bem, Nuno Costa Santos: “uma fusão originalíssima entre os Pulp e os Go-Betweens”.



The Arcade Fire - Rebellion (lies)

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Até 2006!


Serenata Monumental - morcegos enlatados


Noites do Parque - A guitarra de Gonçalo Pereira a legislar nos Blister


Cortejo dos Quartanistas - ou o dia de todos os excessos

quinta-feira, 5 de maio de 2005


Mais uma Queima. Agora, e pela primeira vez, na condição de visitante.