terça-feira, 30 de novembro de 2004

Esta quarta-feira, às 11 da noite, a RTP passa o filme As Horas. Uma oportunidade para ver, ou rever, a obra-prima de Stephen Daldry, nem que seja para se deixar envolver por um punhado de grandes interpretações. É um lugar comum mas o elenco é de luxo: Nicole Kidman, Julianne Moore, Meryl Streep e Ed harris. Os nomes elevam as expectativas e elas não se confirmam, excedem-se. Três vidas aparentemente diferentes, cada uma na sua época, que se interligam de forma brilhante e surpreendente. O raccord nunca é quebrado, a continuidade temporal entre 1920 e a actualidade é sustentada por Mrs Dalloway, um livro de Virginia Wolf, aqui representada por uma quase irreconhecível Nicole Kidman.
Não me lembro de ver Meryl Streep tão bem num filme. Acho memorável a cena na cozinha do seu apartamento em que, numa agonia profunda, vai deixando deslizar os ovos por entre os seus dedos. Genial.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

De momento:


quinta-feira, 18 de novembro de 2004

Joanna Newsom, californiana. Biografia telegráfica de uma voz que encanta. Doce, irreverente, reguila, sensual mas com a inocência de uma criança. A acompanhar... uma harpa, instrumento de pura aura celeste. Falo de The Milk-Eyed Mender. Ouvi e deslumbrei-me e o melhor é que ao fim de tantas vezes o deslumbramento continua. Quem já por aqui passou certamente adivinha em mim uma especial predilecção por vozes femininas e Joanna Newsom será só mais uma. Olhem que não é tanto assim. Se as acho merecedoras de destaque é porque realmente valem a pena. Na verdade as minhas vozes preferidas saem da alma de umas poucas figuras masculinas. Este é mesmo para ser ouvido.

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Anjos malvados

Não me canso de ouvir Terrible Angels, a música que abre La Maison de Mon Rêve das CocoRosie. Quatro minutos e dez segundos simplesmente deslumbrantes. Um primeiro aviso para o deslumbramento que se confirma e estende nas restantes 11 faixas do disco. A beleza de La Maison de Mon Rêve reside na aparente simplicidade das suas formas mas essa harmonia é conseguida à custa de um, não tão evidente, cuidado trabalho de composição. Este registo é essencialmente isso, belo e simples. E há alguma coisa que dê mais satisfação do que ouvir algo assim?

quinta-feira, 11 de novembro de 2004

Há muito tempo atrás, numa galáxia distante

Milk Man é um disco delicioso, delirantemente delicioso. Os Deerhoof apresentam um registo cheio de experimentações: melodias inspiradas, teclados épicos e delirantes, electrónica que parece saída de um qualquer jogo de video, acordes irrequietos, solos contagiantes e uma voz aguda, por vezes em jeito de murmúrio, noutras fases a explodir de alegria, mas sempre meiga e harmoniosa. O resultado de tanto delírio criativo? Um disco viciante, uma viagem em cada audição. Um todo bem disposto e dançável (leram bem) onde em cada esquina transparece um turbilhão de ideias que de futuro vão, de certeza, desenvolver. Temas como Giga Dance, Rainbow Silhouette of the Milky Rain, Milking ou That Big Orange Sun Run Over Speed Light não saem mais da cabeça depois de ouvidos umas duas ou três vezes. Fica aqui o conselho para quem procura algo refrescante para desenjoar.

terça-feira, 9 de novembro de 2004

CONTRASTES

Um dia de sol:
The killers - smile like you mean it
Franz Ferdinand - this fire
Feist - mushaboom
The Hives - walk idiot walk
Pluto - só mais um começo
The Libertines - last post on the bugle
Blues Explosion - crunchy
Deerhoof - giga dance

Um dia cinzento:
The Thrills - not for all the love in the world
CocoRosie - terrible angels
Devendra Banhart - we all know
Kings of Convenience - the build up
The Blue Nile - she saw the world
Joanna Newsom - bridges and balloons
Jeff Buckley - forget her
The Icarus Line - getting bright at night

quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Esta voz não me é estranha...

E quando uma voz nos faz sorrir do princípio ao fim de um disco? Leslie Feist consegue-o em Let it Die. Não é uma desconhecida (Broken Social Scene) mas não deixa de ser uma grande revelação. Num disco cheio de coisas diferentes é ela que lhe dá consistência, charme e brilho. Nele podemos ouvir pop, soul e jazz, tudo de muito bom gosto. Mushaboom é uma pérola. Uma canção no verdadeiro sentido da palavra, embalada pelo ritmo das palmas, que num exercício de puro deleite nos levam, sem quebras, até ao fim, sem desiludir. Para mim Feist é uma das vozes do ano. Obrigado Joana.